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sábado, 15 de dezembro de 2012

Não sei fazer isso, mas sei fazer aquilo.

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  Não sei fazer isso, mas sei fazer aquilo, é um documentário produzido HBO que expõe os 'Distúrbios e Dificuldades de Aprendizagem', compartilhar com vocês me deixa feliz, pois para nós educadores contribui para um educação verdaderamente jenuína.



sábado, 1 de dezembro de 2012

Sou uma Professora apaixonada !!!!

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Professores apaixonados Gabriel Perissé 

Professores e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia fixa de que podem mover o mundo. Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências. As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos. Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato. Apaixonar-se sai caro! Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria. Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão. Dá pena, dá compaixão ver o professor desapaixonado, sonhando acordado com a aposentadoria, contando nos dedos os dias que faltam para as suas férias, catando no calendário os próximos feriados. Os professores apaixonados muito bem sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de professar, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente. Continuar amando é não perder a fé, palavra pequena que não se dilui no café ralo, não foge pelo ralo, não se apaga como um traço de giz no quadro. Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança. Dar aula não é contar piada, mas quem dá aula sem humor não está com nada, ensinar é uma forma de oração. Não essa oração chacoalhar de palavras sem sentido, com voz melosa ou ríspida. Mera oração subordinada, e mais nada. Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros. Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar. A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é também indisfarçável. 

Gabriel Perissé é doutor em Filosofia da Educação pela USP e autor do livro O professor do futuro (Thex Editora).

" É, A CULPA É MINHA "

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" É, A CULPA É MINHA
Sou professor. Pronto, já disse tudo, a culpa é minha! É óbvio que os únicos culpados por toda a falência da educação são os professores. Todo mundo sabe disto. Basta perguntar aos ausentes pais, aos irresponsáveis alunos e incompetentes governantes que a resposta será dada em coro: “a culpa é dos professores!”.
Eis minha culpa: Por diversas vezes vi alunos cometendo absurdos, sendo alguns destes absurdos até mesmo um verdadeiro show de horrores. Já vi alunos cuspindo no chão (culpa do professor), outros jogando chicletes no chão (culpa do professor), saindo da sala sem autorização ou contrariando ordem do professor para não saírem (o culpado é o professor). Alguns falam palavrões sem o menor pudor (o professor que ensina?), outros mostram o dedo médio na frente de qualquer um (o professor que ensinou isto também?). E as agressões físicas, será que o professor manda os alunos se agredirem? E os celulares tocando então, um verdadeiro escárnio. Alguns alunos saem no meio da aula para atender, outros ainda pedem para o professor esperá-lo enquanto atende e uma minoria pede licença e pergunta se pode atender. O pior de tudo é que algumas das ligações vêm dos próprios pais. Eu não atendo o meu celular quando estou lecionando, mas com certeza sou culpado pelos celulares dos meus alunos quando tocam.
Se estivesse lendo este texto ao invés de escrevê-lo provavelmente iria pensar: “Será que este professor é indulgente?”. Já imaginando esta dúvida esclareço que vejo tudo isso acontecendo com professores de todos os tipos, até mesmo com os mais exigentes ou rigorosos. Então o que será que aconteceu para os alunos chegarem a tal ponto? Como a culpa é sempre do professor, talvez nós educadores não tenhamos aprendido a ser babás, psicólogos, terapeutas, pais adotivos, padrastos ou madrastas, etc., portanto, a culpa é nossa. Em várias escolas que já lecionei ou conheci me deparei com os mesmos perfis de alunos, variando apenas de acordo com a localização (centro ou periferia, sudeste ou nordeste), o curso (fundamental ou médio), a instituição (pública ou privada), a série, etc. Agora pergunto: “como posso ser culpado pela decadência de um aluno que já chega para mim pela primeira vez aos onze, quinze ou dezoito anos de idade cheio de manias? Como posso educar um jovem que não recebe educação em nenhum outro lugar? Como vou conseguir exigir que meu aluno estude se nossos governantes permitem e algumas vezes até exigem que qualquer aluno seja aprovado?” Muitos criticam a escola e o professor, mas cadê o caminho para que nosso trabalho seja produtivo e possa surtir efeito? Muitos nos culpam mas não apresentam planos de educação eficientes, que sejam pedagógicos, e não políticos. Ficam no “achismo”, mas achar é fácil, o difícil é fazer.
Sou culpado por tudo de errado que faço, mas não posso ser culpado pela ausência da família, pelo menosprezo dos políticos e pelo descaso dos alunos. Como educador não digo que não sei mais o que fazer, mas escuto isso constantemente da boca dos pais dos alunos. Não abandono a educação, mas noto que isso já foi feito há tempos pelos nossos líderes. Não deixo de cumprir minhas atividades, mas muitos dos meus alunos “esquecem-se” de cumprir suas funções estudantis. Desde que me entendo por gente a culpa pelos percalços da educação é do professor. Mas além disso, desde que me entendo por gente me lembro que minha família me ensinou a respeitar os mais velhos, incluindo os meus professores, portanto, não acho que a culpa quando o meu aluno falta com respeito comigo ou com seus colegas de escola seja minha. Quando eu era aluno há algum tempo atrás já existiam drogas, violência e os professores já eram culpados pela má qualidade da educação. Na época, eram raros os crimes banais como filhos matando pais, netos matando avós, pais matando os filhos e alunos matando alunos, mas hoje tudo isto é muito comum, com estas notícias constantemente na mídia. Será que nós professores somos os culpados por tudo isto também? Afinal, se a culpa pelos males do mundo é dos educadores, por que não fecham as instituições de ensino e passam a função aos sábios de plantão? Com toda certeza o mundo seria muito melhor sem nós “incompetentes” professores que estragamos a vida dos alunos, dos pais dos alunos e da sociedade em geral. É claro que existem péssimos professores, mas a sociedade não tem o direito de igualar todos os profissionais da educação da mesma maneira. Os médicos não são todos inábeis só porque alguns esquecem o bisturi dentro do paciente. Os policiais não são todos vis só porque alguns são infames. Os políticos não são todos devassos só porque alguns são corruptos.
Todos os dias alguém critica um professor, mas é raríssimo vermos alguém agradecido por ter sido aprovado em um concurso ou vestibular, uma vaga de emprego, etc. Então quer dizer que quando um indivíduo se dá mal na vida o culpado é o professor que lhe deu aulas, mas quando este indivíduo é um vencedor o mérito é só dele, ele que é inteligente? Enfim, declaro-me culpado por ter deixado de ser egoísta para compartilhar meu conhecimento com meus alunos. Sou culpado por tentar educá-los, por tentar fazê-los evoluírem. Sou culpado por ser professor!
Prof. Iranildo "